sábado, 28 de novembro de 2015

Capitulo 32. Infinity

   



      O segurança continua a me encarar, e o reconheço, é o mesmo do outro dia, que me expulsou do andar.


- O que esta fazendo aqui ? - Pergunta. 

- Preciso falar com a comandante Breslau.

- Onde esta sua carta de permissão para estar aqui ? - Ele pergunta, levanto-me devagar e percebo que os outros agentes seguranças estão nos observando.

- Eu não tenho... É um assunto urgente, por favor deixe-me passar.

- Sempre é um assunto urgente, dê meia volta  e só retorne quando estiver com uma carta de permissão - Encaro o segurança ele sacode a cabeça sugestivamente para o elevador, dou meia volta e forço meus pés a irem em direção ao elevador mas meu corpo da meia volta, uso todas as minhas forças e corro em direção a sala no final do corredor mas não passo nem mesmo pela primeira porta antes que me segurem. 

- ME SOLTA! TIA SARA!! TIA SARA!!.

-Tapem a boca dela. - Ordena o brutamontes que me interditou. 

- TIA SARA!!. - A porta do final do corredor não abre, mas a porta a sua esquerda sim, e vejo Otto saindo de lá. 

- Mas o que está acontecendo... - Pergunta antes de me flagrar no ombro de um dos seguranças

- OTTO!!

- Mas o que esta acontecendo aqui ? Soltem-na! - O agente me põem no chão e sinto minhas pernas tremerem.

- Desculpe senhor - Pede o segurança mal educado que me colocou no ombro, Otto os encara e depois olha pra mim.

- Aos seus postos - Ele ordena e os seguranças voltam a sua posição inicial, desço meu vestido e tento recuperar o pouco de fôlego que me resta.

- Aurora o que está acontecendo ? Por que o escândalo?

- Preciso falar com minha tia, em qual sala posso encontrá-la ?

- Ela não estão aqui.

- Esse não é o andar ? Mas o homem disse que ela estaria aqui, por que ela não estão aqui ?Onde ela está então ?

- Sim, esse é o andar mas ela acabou de sair, emergência em Lori.

- Você está brincando comigo não está ?

- Por que estaria ? O que esta acontecendo ?

- Ashe.... A colocaram numa espécie despacho e agora ela está numa  fila prestes a entrar num carro e ser levada algum lugar.

- É um procedimento padrão.

- Não! Ela não deveria estar lá ! Ela deveria estar comigo e não la embaixo! E agora...  Agora eu nunca mais a verei novamente eu... - Sinto um nó se formando mais uma vez - Você precisa me ajudar, não posso perdê-la.

- Adoraria senhorita mas estou em reunião...

- Otto - Minha respiração começa a acelerar - Por favor. - Otto me encara, parece estar tomando decisões, ele olha para a porta atrás de si e depois para mim. 

- Vamos - Ele chama segurando minha mão, corremos para o elevador aperto o botão do térreo e começamos a descer   - Como ela foi parar la embaixo ?

- Estávamos no ar, tia Sara pediu para alguém ficar de olho nela mas ao invés de pedirem para que ela ficasse quieta a retiraram da sala e a levaram pra junto das outras, agora ela esta numa fila prestes a sair sabe-se Deus pra onde e eu ... Eu...

- Você precisa se acalmar, sei que é importante pra você mas vai ficar tudo bem.

- E se ela já tiver entrado na van ? Como irei encontrá-la mais uma vez ? Eu prometi que ela ficaria comigo e assim que dou as costas isso acontece! Como posso ficar calma ?

- Se descobrirem que essa menininha tem tanta influência sobre você senhorita a farão de alvo para atingir você.

- Ta. - Digo enxugando o rosto

- Vai ficar tudo bem, - Ele se aproxima e beija minha cabeça - Ela não vai sair do prédio. - Dois minutos depois as portas voltam a se abrir, os dois guardas continuam la, entretanto o número de pessoas do outro lado diminuiu notavelmente.  Procuro-a novamente em meio a garotas mas não a encontro. 

- Ela não está lá.

- Deixem-nos passar. - Ordena Otto. 

- Sinto muito senhor, ordem da comandante. - Diz o mesmo segurança que me barrou mais cedo.

- Agente abra a porta. - Otto segura algo que deve ser o crachá dele, o segurança o observa, faz um gesto positivo com a cabeça e abre a porta, entro correndo pela rampa e desço até as meninas, tantos rostos errados onde... Onde.....??

- Aurora - Otto me chama, esá apontando para uma van a minha direita prestes a sair.

- PAREM O CARRO!! - Ele grita e sai em direção ao veículo com os braços  levantados.

- Parem o carro!! - Alguém grita. 

- Parem o carro!! - Outro alguém, os agentes começam a gritar para que o carro pare, Otto sai correndo atrás da van e eu vou atrás dele a van continua em movimento os seguranças do portão dão voz a ordem de Otto para que o carro pare e ele para. Corro até a van e bato na porta. 

- Senhorita ? - Estranha um agente que abre a porta, mas pela expressão que ele fez queria falar " O que quer ?" ao invés de "senhorita". 

- Preciso entrar!. 

- Sinto muito mas... - Empurro o agente e me forço para dentro do carro.

- Ashe ?! - Vejo olho todas as garotas dentro do carro, nem uma delas é Ashe. Desço da van e encontro Otto do outro lado - Ela não está lá. 

- Como assim ela não está ?

- Ela não está lá! - Corremos mais uma vez para a multidão, que deixa o estacionamento parecido com uma estação de trem e grito seu nome, Otto me ajuda e vou em direção a lugar que ela estava antes de sumir. 

- ASHE!!! Ashe !! - Percebo todas as meninas me olhando.

- Senhorita algum problema ? - Pergunta uma agente morena com cabelo afro. 

- Existe alguma garota chamada Ashe no veículo ? - Pergunto olhando para  a van atrás dela. 

- Aurora!! - Otto me chama antes que a agente responda, vejo-o retirando um corpo pequenino de dentro do carro a dois metros de onde estou. Corro até ele e a vejo, é ela!

- Ashe!!

- Rora!! - Ashe abre os braços para que eu a pegue, está rouca e vermelha, tento me controlar a abraço, Otto me puxa pela braço.

 - Voltem ao procedimento padrão agentes - Percebo que as pessoas a nossa volta pararam, os agentes voltam a refazer as filas e as garotas a entrarem nos veículos, ele segura minha mão e seguimos pela rampa até o elevador que não sobe.

- Ta quebrado - Digo quando nos aproximamos.

- Para os visitantes sim, ele está - Otto insere uma espécie de cartão numa fenda (que eu não havia percebido) próxima ao botão as portas voltam a se abrir, minha revolta é abafada pelos soluços em meu pescoço.

- Para o meu quarto por favor - Ele pressiona o botão e voltamos a subir - Vai ficar tudo bem. - Tento acalmá-la, seus soluços estão fortes.

- Eu... Ta... Ta... Tava co... com.... Me.... Medo. Você disse que nunca iria me deixar mas me deixou e eu quase fui embora. Eu tava com medo, você disse que a gente ia tomar sorvete e.... - Ela volta a chorar - Ia me mandar embora como a Vanilly disse que fazer, você não gosta de mim você não... Não... gos... Gosta... A gente ia comprar vestidos de princesas... você jurou!!.

- É claro que eu gosto de você, eu voltei por você não voltei ?
- Você jurou que não ia me mandar embora.

- E não vou! Daria a volta ao mundo por você, não quero que leve a sério tudo que Vanilly disser.

- Mas ela que disse.

- Ninguém vai tirar você de mim.

- Só Charlie. Diz baixinho. 

- Só Charlie. - Sorrio tentando acalmá-la. 

- Eu tava com medo - Confessa  deitando a cabeça em meu peito - Não me deixe nunca mais.

- Não vou. - Otto pigarreia atrás de nós.

- Jocelyn deve estar de volta a qualquer momento, não gostariam de espera -la em outro lugar ?

- Sugestões ? - Pergunto.  

- Não pude deixar de ouvir que um sorvete foi prometido

- Foi sim - Diz Ashe enxugando a bochecha. 

- Sei onde levá-las - Otto nos deixa no mesmo restaurante da noite anterior, ordena que peçamos quantos milk-shakes quisermos, uma felicidade para Ashe, uma dívida a mais para mim, deixo-a sentada tomando um milk shake de morango e o acompanho até o elevador.

- Obrigada.

- Sempre a disposição pela donzela.

- Seu emprego não está perigo ?

- Sou o chefe, faço o que quero.

- Claro.

- Fico feliz em ter ajudado senhorita.

- E eu por ter aparecido, não sei o que faria se você não estivesse aqui.

- Isso é bom, na verdade é muito bom de ouvir - Confessa sorrindo -  Já sabe que se precisar é só gritar feito louca e virei. 

- Gritarei sim - Dou um passo a frente e me ergo na ponta dos pés dou um beijo em sua bochecha - Gritarei com certeza.

- E eu virei.

- Tenha um bom dia senhor.

- Farei de seu pedido uma ordem - Me afasto e vejo as portas do elevador se fecharem.

    Junto-me a Ashe e me permito tomar alguns milk shakes, fazia tempo que não provava um, não me refiro ao tempo de sequestro, mas tia Brianna me proibia de tomá-los, tia Brianna... Se tem um rosto de faria de tudo para esquecer, este rosto seria o dela e da família dela.

- Rora, onde vamos morar ?

- Por enquanto em um apartamento. Encontraremos uma escola pra você logo em seguida.

- Eu quer ler palavras, como você.

- Você irá, logo.

- Também irei ? - Pergunta Jocelyn sentando na cadeira ao nosso lado.

- Bom dia pra você também, achei que fosse demorar um pouco mais.

- Boom dia e não, ontem meu pai quase me arrancou a cabeça mas agora estou inteira e fora de perigo, e ele sabe onde estou, então ta tudo bem.

- Então, milk shake ? - Ofereço.

- Eu adoraria - Jocelyn pede um milk shake de maracujá com hortelã e começa uma sequencia de perguntas.

- Vi você na TV hoje - Fico sem jeito.

-   Então...

- Otto não disse que você foi sequestrada.

- Acredito que não permitissem que ele o dissesse.

- Os sequestradores ainda estão soltos não é mesmo ?

- Por pouco tempo.

- Papai também viu você na TV, ele meio que surtou depois que você disse que foi sequestrada, quer dizer você é a sobrinha de Sara Breslau e não estava segura quem dirá eu ou as outras garotas da cidade.

- Medidas estão sendo tomadas Jocelyn, o GOECTI vai estar em cada buraco de Lori.

- Foi o que disse ao meu pai, mas mesmo assim, ele se preocupa, só pude vir aqui hoje porque estou em missão.

- Entrou pro clubinho dos fardas azul escuro ?

- Quem dera, mas é só por um dia, sua tia ligou para meu pai e solicitou minha presença aqui hoje, agora...

- Para ... ?

- Tomar milk shake! - Diz Ashe animada ao nosso lado.

- Quem dera docinho mas o caso é sério, fui encarregada  levá-la para Lori, para esse endereço aqui - Jocelyn estende a folha escrita as  pressas com o endereço da minha tia.

- E minha tia pediu ao seu pai permissão para que você fizesse isso por... ?

- Eu acho que ela sabe que somos amigas e que ainda não passamos um tempo juntas, e eu fico feliz de ser  agente por um dia e você é a minha missão - Diz sorrindo - Entãããão ?

- Quando partiremos agente Brown ? - Pergunto encarando-a.

- Weee! Eu sabia! Adoro isso,hã, tem algo que você gostaria de pegar ou alguém pra se despedir e etc.?

     Penso em Miranda e nas outras meninas, não faço ideia onde devem estar agora, Miranda Èrica e Kayla devem estar em treinamento, minha entrada seria proibida, tem Ellie mas não me dirão onde encontrá-la. Tenho uma ideia que me deixa contente, peço a Jocelyn que só partamos depois do almoço, peço dez milk shakes para viagem quando dá uma hora descemos para o refeitório.

 Levo quatro milk shakes, Jocelyn quatro e Ashe os outros dois, encontramos as meninas reunidas na mesma mesa de sempre, ao invés de irmos para a fila vamos direto ao seu encontro.

 -Olá - Digo chamando a atenção.

- Roupa  cara, cabelo arrumado... Essa é você em estado normal. Interessante. - Diz Vanilly com desdém - Veio deixar a piveta antes de ir embora e nunca mais olhar na nossa cara ?

- Não vim deixar ninguém, Ashe vai morar comigo até Charlie ser encontrado, só vinhemos nos despedir.

- Poderiam ir embora sem fazer isso, não fazem falta. - Diz Vanessa me encarando. 

- Sei que nunca fomos amigas e o fato de estarmos unidas em uma situação horrível não quer dizer tanto pra você quanto pra mim, mas mesmo assim, vim dizer até logo. - Ellie se levanta e vem até mim.

- Até logo, foi bom conhecê-la e obrigada por tudo. - Diz me abraçando. 

- Foi bom conheçê-la Elllie - Encaro as outras meninas na mesa alguns conversam entre si e outras, preferem olhar para todos os lados possíveis ao invés de olhar para nós, com exceção a Anna que me encara, ops, encara o que tenho em mãos - Milk shake ?

- O que ? 

- Prova um - Entrego um de baunilha para Ellie e peço a Jocelyn e Ashe para que coloquem os delas na mesa, pego um de chocolate e vou até Anna.

- Olá, sei que nunca fomos próximas e não sei se você gosta muito de mim - Vejo um sorriso surgindo em seu rosto - Érica me disse que você ainda não provou nada do mundo então trouxe isso, é gostoso chama-se chocolate, vai comer bastante daqui pra frente, irei me assegurar disso - Ela continua muda e a abraço - Desculpe por não ter tido coragem de enfrentar aquele monstro por você, sei que um milk shake não paga mas... Quero pelo menos ter a chance de tentar. Ta ?

- Tá.

- Vocẽ me respondeu! - Ela continua sorrindo, entrego o copo e peço para que prove, sua reação é parecida com a de Ashe, percebo as outras meninas mais novas encarando Anna, os milk shakes continuam intocáveis sobre a mesa, - Trouxemos pra vocês, podem pegar sem medo - Abraço Anna e lhe dou um beijo na cabeça - Quero que saibam, que se precisarem e só me chamar farei tudo para ajudar. - Ninguém diz nada - Então...  Até logo.

- Ashe não quer dar tchau para elas ? - Pergunto e ela olha para Bárbara Amanda e Samanta.

- Eu desculpo vocês, por me chamarem de loca e me baterem, eu desculpo. - Percebo o leve choque de Jocelyn em mim, - Té logo. - Seguro a mão de Ashe e voltamos para o elevador, antes das portas se fecharem vejo-as agarrando os copos de milk shakes.

- São bem receptivas.

- A seu modo.

- Sempre tratam você assim ? Com desprezo ?

- O nível diminuiu quando descobriram quem eu era.

- Te agrediram ?

- Já passou Jocelyn estou aqui agora é o que importa não ?

- É sim - Diz fazendo um muxoxo, e encaro Ashe. 

- Estou orgulhosa de você Ashe, muito.

- Sonhei que batiam na Bárbara, era como se estivéssemos la de novo, e eu percebi que não gostei de ver ela apanhando, você disse que perdoava a Érica por ela ter batido em você então eu perdoo elas também.

- Queria que existissem mais pessoas como você no mundo. .


 

sábado, 21 de novembro de 2015

Capítulo 31. Canto Algum.



       Quando chego ao quarto tento ao máximo não fazer barulho, coloco a bebida no chão e deito Ashe com cuidado em minha cama, retiro suas sapatilhas e a cubro com o cobertor, sento ao seu lado e a encaro, seria egoísta da minha parte pedir para Otto terminar um relacionamento só porque eu apareci do nada, não sei se o que sinto por ele vai além das expectativas, se é apenas atração ou algo mais profundo, talvez eu seja passageira  mas talvez... Não, melhor ouvir Margo, Otto e só um idiota que está tentando jogar comigo, preciso me concentrar no Travis, ele vai ser minha carta coringa, pego o milk shake que está mais parecendo um suco que um milk shake e chupo o canudo, aah, que saudade. E pensar que Ana ou as outras meninas nunca poderam experiementar algo como isso, encaro Ashe, ela vai adorar isso. 

- Ashe -  A empurro, continuo chamando até que abra os olhos.

- Você veio.

- Vim, você ta no meu quarto agora, já tomou milk shake alguma vez 

-Não, o que é ?- Entrego o grande pote com um canudo a ela que me encara.

- Você tem que sugar o canudo, prova, é gostoso. 

- Parece lama.

- Mas não é, eu juro, prova - Ashe coloca a boca com cautela e suga o conteúdo, vejo-a arregalar os olhos e me encara de volta.

- QUE DELICIA!!  

- Fala baixo ou vamos acordar todo mundo.

- Que delicia! Isso é o sorvete ?

-Não, é milk shake.

- Milk shake - Ela repete, Ashe volta a tomar o suco de chocolate e eu a observo. 

- Ashe, o que acha de morar comigo ? - Seus olhos voltam a se arregalarem. 

- Você jura ?.

- Você quer ? - Ela balança a cabeça repetidas vezes. - Então você vem comigo.

- A gente pode tomar milk shake todos os dias ? 

- Não, mas podemos comer outras coisas gostosas como bolos, doces e etc. 

- Comer bolo ? De verdade ?

- De verdade, pedirei para Joana preparar um delicioso e comeremos até  ficarmos com a barriga doendo.

- JURA?? 

- Shiii eu juro! - Ashe me agarra  - Mas só até o Charlie voltar, ele deve ter a minha idade ou ser mais velho, será responsável por você. 

- Não vai ser para sempre ?

-Não, Charlie é seu responsável legal e eu não posso competir com ele.

- Mas eu amo os dois. 

- Mas não poderá morar com nos dois, entende ?

- Entendo - Vejo-a fazer biquinho - Mesmo que seja até o Charlie chegar - Ela leva a mão sobre o rosto, quer chorar - Eu vou gostar tanto de morar você Aurora. Eu... eu...

- Eu também, digo abraçando-a  antes que comece a chorar - Vamos fazer isso durar pra sempre ta bem, nós duas ? - Ashe balança a cabeça, ficamos acordadas até que ela termine com a bebida doce, "eu amo milk shake" foram suas últimas palavras antes de cair no sono. 

  - Senhorita Richards.... Senhorita Richards.... - Abro os olhos e uma mulher de cabelo preto está me encarando - Sua tia está lhe esperando senhorita. 

- Hum... ? 

- Precisa se trocar,  vigésimo oitavo andar, o café está na mesa, humm ela não deveria estar aqui - Diz olhando para Ashe que continua dormindo ao meu lado. 

- O que... 

- Tem um bilhete em cima da mesa com o que você deve dizer, tenha um bom dia senhorita -  Acho que ela sorriu pra mim antes de fechar a porta, tirando a moça da enfermaria foi a primeira agente a sorrir  pra mim. 

- Ashe, acorda - A cutuco - Ashe 

- Humm...??

- Precisamos ir, vamos aparecer na TV.

- Vai ter milk shake ? 

- Vai  sim - A vejo sorrir e vou pro banheiro, sou pega de surpresa por um embrulho envolto num plástico negro pendurado no boxer, abro o zíper e me vejo um vestido azul escuro com um cartão. 



Um bela roupa para um belo retorno, espero que goste. 

    Tia Sara, deveria saber. Só não entendo o motivo de não poder usar as roupas do GOECTI. Talvez seja para não denunciar minha localização. Tomo um banho rápido e me envolvo na toalha quando ouço batidas na porta, encontro Ashe do outro lado com um olhar suplicante. 

- Quero fazer pipi. Tiro o cabide do boxer e o jogo  na cama. 

- Vai fundo. - Falo puxando a porta, tento vestir a roupa mas lembro que as lingeries estão dentro do banheiro, aguardo até que a senhorita termine para poder entrar, assim que ouço o barulho da descarga entro no banheiro.

- O que você ta fazendo ?  - Pergunto, Ashe está encarando a privada aberta enquanto vê a água fazer seu percurso. 

- Eu  gosto de ver a privada. 

-  Interessante.

 - Eu também acho. 

- Não isso não, suas manias são interessantes. 

- O que é uma mania ? 

- Esquece, precisa tomar banho, vamos sair daqui a pouco.

- Miranda que me deu banho, 

- Você precisa de ajuda ? 

- Eu não quero que você me dê banho.

- Por que não ?

- Porque você vai ver uma coisa que não quero você veja.

- Se está falando da cicatriz na sua cabeça eu já vi. 

- Como ? - Pergunta com os olhos marejados, ela toca instintivamente no curativo. Me abaixo e fico de frente para ela.  

- Veja só, quero você entenda que não é porque sua cabeça ta machucada que vou ter nojo de você ou achar que você é louca.

- Mas as mininas disseram... 

- Não importa quem disse o quê, eu amo você do jeito que você é e mesmo que fosse louca eu a amaria. 

- Mas eu não sou louca.

-Não é, e eu acredito nisso, é o que importa certo ?- Ela sacode a cabeça - Então perfeito, vamos tomar banho, tiro a camisola de ashe e a deixo de roupas intimas, prendo seu cablo com cuidado para não tirar o curativo ou a gaze da cabeça e o envolvo num coque baixo.

- Estou parecida com você  - Comenta deixando um sorriso surgir. A ajudo com a água e mostro como ela deve tomar banho, ela repete os movimentos e pego uma toalha para que se seque. 

- Queria usar sutiãos de novo - Encontro um sutiã pra ela e um para mim, a ajudo a vestir os shorts e a camiseta azul escuro, e entro no meu vestido, peço para que ela coma enquanto arrumo meu cabelo e pego a folha ao lado da bandeja. 

  Preciso que fale o que está escrito, fui o mais clara que pude, infelizmente não podemos expor tudo o que aconteceu seria uma bomba, mas precisamos inseri-la mais uma vez na sociedade dos vivos. Vejo você em meia hora. 

                                                                                              Tia Sara


       Dou uma olhada no meu discurso e em seguida arrumo meu cabelo, o deixo solto e os cachos começam a se formar nas pontas. Dou uma olhada no espelho e gosto do resultado, o azul escuro do vestido se destacou bastante sobre a minha pele, exceto por meu rosto que continua pálido, vejo um pedaço de beterraba na bandeja e o uso como batom, deixou meus lábios mais rosa. Satisfeita com minha aparência volto para comer algo, mas não encontro quase nada na bandeja, Ashe tomou todo o suco e me deixou um pedaço de torrada. 

- Desculpa. - Diz encarando os pratos.

- Não se desculpe, pode comer o quanto quiser ta bem ?

- Mas aquele é seu - Diz apontando, pego o pedaço da torrada e como, desfaço o coque no cabelo dela e tiro a gaze, ela pede que deixe o cabelo exatamente como o meu e tento fazer o possível os cabelos de Ashe, que são mais curtos e mais finos que os meus, mas o deixo o mais parecido possível com o que fiz no meu, a levanto para que vejo o resultado no espelho e ela faz um bico.

- Eu queria ter o cabelo igual ao seu. 

 - Mas você é tão bonita, está melhor que eu.

-Você jura ?

- Eu juro. - Porque é verdade. 

- Um dia vou usar vestidos de princesa também ? 

- É claro, vamos comprar vestidos de princesa assim que chegarmos a Lori. - Digo-a fazendo sorrir, coloco Ashe no chão e vejo como está seu curativo na parte de trás da cabeça, não mexi nele, apenas na parte da frente do cabelo, me parece estar seguro, vejo os scapins nudes ao lado da porta e olho para os meus pés ainda envoltos com a gaze, Opto pelas confortáveis sapatilhas de pano dou um último beijo na beterraba, pego meu discurso e seguro a mão de Ashe, subimos para o vigésimo oitavo andar e quando o elevador abre uma agente com cabelos ruivos presos em um coque me espera, ela usa umas escutas pretas no ouvido e uma pequena arma pende em sua cintura, veste um macacão azul escuro e coturnos de salto pretos, encontro outra arma  em sua perna. 

- Senhorita Richards sou agente Agnelli, fui solicitada pela comandante Breslau para levá-la até a comitiva. 

- É claro.

- O que ela está fazendo aqui ? - Pergunta a agente encarando Ashe que se encolhe.

- Está comigo. 

- Claro...- Diz tentando mascarar o desgosto -  Por aqui - Seguimos a agente Agnelli pelo corredor iluminado a esquerda, a cada porta que passamos um agente armado guardava a porta, pessoas importantes devem trabalhar atrás daquelas portas. Entramos numa sala que repleta de pessoas, agentes vestidos de azul escuro circulam pelo local, duas câmeras estão posicionadas para uma mesa com duas cadeiras, atrás um quadro com a bandeira de Lori se ergue, em atrás das câmeras vários monitores e operadores de computador, me sinto num estúdio de TV. 

- A gente vai ver TV ? - Ashe pergunta baixinho ao meu lado, nego com a cabeça e a puxo para o cantinho do estúdio, todos parecem bem estressados por aqui, Ashe e eu ficamos invisíveis por quase cinco minutos quando minha tia chega rodeada de outros agentes, a conversa no local e reuduzida a nada, todos fazem continência para ela, inclusive Ashe imitando os outros. 

- Por que ela ainda não chegou ?  - A ouço perguntar para a agente loira em frente ao monitor de TV que deverá reproduzir o que a câmera pegar. 

 - Estou aqui - Grito. Tia Sara sorri e vem até nós.

- O que ela está fazendo aqui ? 

- Não poderia deixá-la sozinha.

- Esse não é local para crianças Aurora. 

- Não iremos demorar e achei que tudo bem ela vir. 

- Agente Avanzo - Ela chama e um homem magro e alto aparece - Cuide da senhorita enquanto entramos ao vivo, Ashe não é ? - Ashe sacode a cabeça - Preciso que fique com esse rapaz legal até terminarmos está bem ?

- Eu queria ver TV.

- Você verá TV, mas ficará sentada ali - Tia Sara aponta para uma cadeira em frente a um dos grandes monitores próximo a um agente que deve ser o diretor de tudo - Tudo bem ? - Ashe acena coma cabeça e solta minha mão, o agente Avanzo  segura a mão dela e a coloca sentada na cadeira alta.

- Aurora tem uma tevesona aqui - Dou um sorrioso modesto e volto minha atenção a comandante. 

- Entendeu o que deve dizer ? 

- Sim comandante. 

- Precisamos conversar.

- Você me disse isso ontem a noite.

 - Todos em seus lugares, comandante entraremos em três minutos - Grita o diretor.

- Não posso deixá-la correr riscos mais uma vez, espero que entenda isso.

- É a única coisa que não consigo entender.

- Então tente querida. 

- Em seus lugares - Sigo minha tia e sentamos nas cadeiras atrás da mesa de inox no cenário improvisado. 

- Começaremos com um close na comandante seguido por uma abertura de tela, a senhorita Richards  aparecerá em seguida e um close nela. 

- Não precisa ficar nervosa. - Ela diz olhando para minhas mãos.

- Não estou - Digo as escondendo em meu colo. 

- Claro que não  - Ela sorri. 

- Em 3... 2... 1... - O homem aponta para minha tia e uma luz verde ascende na câmera. 

- Nos últimos dias e tivemos ouvido boatos,  estou sendo bombardeada de perguntas e estão me pedindo confirmações a respeito de um certo vídeo que circulou esses dias, Aurora está viva ? A grande questão, uma imagem vale mais que mil palavras não ? - Olho para a TV que está posicionada para nós, vejo a imagem abrir e apareço ao lado dela do monitor, o agente me pede para encarar a câmera e faço, sinto a mão de minha tia me  tocando -  Sei que devem estar se perguntando o que aconteceu ou como, sei que acham que pode ser uma impostora mas não é, eu reconheceria minha sobrinha até mesmo pintada de azul - Ela sorri -  Diga o que aconteceu querida. 

 - Por anos, achamos que o tráfico estava extinto, achávamos que o que aconteceu no passado não se repetiria, mas não foi isso que aconteceu - Olho os agentes a minha frente e esqueço completamente o que deveria falar, estou mais concentrada nos meus nervos no que nas palavras, não consigo lembrar de nada. Encaro minha tia e ela acena com a cabeça 'continue  ela diz  baixinho.

- Estamos em rede nacional - Ouço o diretor dizer. 

- Eu... Eu... 

- Aurora foi sequestrada, não pelo que fizeram vocês acreditarem, uma máfia de contrabandistas a pegou, o que saiu nos jornais e na mídia a respeito de sua suposta morte são apenas boatos e  não resolvemos isso com violência - Tia Sara me encara e acena coma  cabeça, sinto sua mão me apertar com força, devo falar algo. 

- Fui confundida com uma garota de identidade desconhecida - Cuspo - E me levaram da mesma forma que estão levando várias crianças e adolescentes de  todos os lugares do país, isso não é uma  estratégia  de marketing nem nada disso foi tramado, é só a vida real e nem mesmo eu fui polpada, eu vi coisas horríveis, passei por coisas terríveis - Lembro de Monstro acariciando a pequena Ana, meu estômago revira, sinto um nó subindo em minha garganta, encaro tia Sara, não quero chorar em rede nacional. 

- Continue querida.

- Se vocês podem me ver neste exato minuto é porque por algum milagre consegui fugir, eu não deveria estar aqui mas estou, por uma força maior eu estou, e o que venho pedir nesse momento é que vocês que estão me vendo ouçam minha a comandante Breslau é a vida e o futuro dos seus filhos que estão em jogo. 

-  Medidas de segurança vem sido tomadas durante esse dias, as escolas receberão medidas de segurança na entrada entrada e saída, ônibus escolares estão proibidos de circular sem uma viatura do GOECTI acompanhando, menores de vinte e um anos só poderão frequentar estabelecimentos com agentes do GOECTI  presentes, festas de aniversario e de mais celebrações estão proibidas depois das sete da noite, abrigos e demais instituições receberão reforços, e mais agentes serão enviados, armas de fogo estarão proibidas, o burlamento das ordens resultará em prisão, peço que todos os cidadão que ouvirem disparos de armas liguem para uma central da policia, obrigado e bom... 

- Eu gostaria de falar uma coisa  - Digo antes que ela termine, o diretor levanta três dedos, sinalizando o tempo que ainda temos. 

- Eu gostaria de pedir, pra ser sincera eu imploro, aos casais que não conseguiram ter filhos, não comprem crianças como se fossem carne no açougue, as vezes o sistema de adoção demora mas não significa que seja ruim, vocês estão alimentando um comércio perverso que maltrata e mata essas crianças de fome até que elas cheguem até vocês, muitas vezes são estupradas ou espancadas até quase a morte, eu sei disso, eu... eu... Quase presenciei isso - Digo baixinho -  Essas crianças são roubadas de instituições onde tem comida e um lugar decente para deitarem, mas ao invés disso elas morrem de frio a noite e passam fome até que vocês apareçam com seus bolsos de dinheiro e paguem por elas, Lori  tem vários orfanatos que estão sendo roubados para usarem as mesmas crianças que poderiam ser adotadas para serem vendidas, não procurem um traficante, pensem nelas, procurem um orfanato. 

- É tudo que pedimos. - Completa minha tia.

- É....CORTA! - a luz volta a ficar vermelha as pessoas voltam a se mexer.

- Estou orgulhosa querida.

- Esqueci o texto, não queria perder a oportunidade de dizer algo que essas pessoas deveriam ouvir. 

- Fez um bom trabalho. 

- Obrigada. - Levanto-me e vou até Ashe, mas não a vejo sentada na cadeira. 

- Onde está Ashe ? 

- O agente Avanzo a levou para se juntar as outras, uma criança não deve ficar aqui senhorita. - Diz o diretor. 

- Dei ordens para que ele a mantivesse na cadeira, por que não me ouviu ? - Pergunta tia Sara. 

- A criança estava inquieta senhora, arruinaria a mensagem. - Diz se desculpando. 

- Para onde a levaram ? - Pergunto.

- Primeiro andar, térreo. - Saio correndo do estúdio e deixo minha tia falando sei lá o que para o agente diretor, pego o elevador e aperto o térreo, demora mais do que imaginei para chegar, sinto que estou prestes a encontrar o núcleo da terra quando finalmente paro, as portas se abrem e dois agentes armados guardam uma grande porta de vidro, do outro lado uma multidão de garotas está espalhada, estão segurando pequenos papéis de cores fluorescentes. 

- Desculpe agente, o que está acontecendo ? 

- Estão se preparado para o despache.

- Despache ?

- Sim, saindo para os centros de socialização indicados.  - Sinto perder o ar por cinco segundos, ela não pode estar ali em baixo, olho mais uma vez e vejo uma van dando partida, corro para a porta e o agente me barra - Entrada proibida senhorita. 

- Mas preciso entrar, tem alguém ali em baixo que não deveria estar lá. 

- Sinto muito, ordens da comandante. - Diz  o outro agente. Volto para o elevador e ele não desce, continuo chamando a máquina mas não abre. 

- Por que o elevador não está respondendo ?

- Geralmente ele só costuma descer senhorita. 

- COMO É ? E como vou voltar ? - Homem aponta as escadas a direita. Olho mais uma vez através da porta de vidro, estão organizando uma fileira com as pequenas, procuro desesperadamente por uma cabecinha com gaze e cabelo castanho no meio da multidão a encontro próximo a parede do outro lado, estão colocando ela na fileira, Ashe vira a cabeça, está chorando, nunca a vi tão vermelha em toda minha vida.

- Pra onde aquela van vai ? 

- Não sei senhorita.

- Como não sabe ? 

- Essa informação não é dada aos guardas, senhorita - Olho mais uma vez e vejo a fila se movimentando, as meninas começaram a entrar no carro, saio em disparada em direção a escadas, avanço de duas em duas, continuo avançando, sinto meus pés latejando, muito por sinal, mas não paro, de duas em duas, meu coração está a ponto de sair pela boca, não consigo respirar direito, avanço mais duas e tento encontrar a porta para o andar,  entro num corredor vazio e começo a abrir as portas, nada, nada não encontro a saída....  Continuo abrindo as portas quando finalmente vejo uma porta marrom e tento correr até ela, não sei qual andar estou e não interessa no momento, minha vista começa a escurecer, me agarro na porta e vejo o botão do maldito elevador, aperto o botão e as portas se abrem, coloco o vigésimo oitavo andar e começo a subir, tento controlar minha respiração, vai ficar tudo bem... Vai ficar tudo bem...  Quando as portas finalmente se abrem saio correndo até a sala onde estava a alguns instantes, a maioria das pessoas já se foram, não consigo encontrar minha tia.

- Onde está a comandante Breslau ? - Pergunto desesperada tentando recuperar meu fôlego. 

- Acredito que esteja em reunião em sua sala. - Diz um agente de cabelos preto.

- Onde fica a sala dela ?  

- Quadragésimo sétimo.... - Volto correndo para o elevador, que volta a subir, trigésimo primeiro....  trigésimo segundo...  trigésimo quinto..... quadragésimo.... Quando finalmente para continuo em disparada para o corredor, mas não consigo ir muito longe, é uma fração de segundos até que meu rosto vá de encontro ao chão com força. 

- Onde pensa que vai? - Pergunta um segurança em cima de mim.  



Leia o Primeiro Capítulo.

Capítulo 1. Uma Face Conhecida.

        Há alguns anos o país de Lori conheceu a história de uma amizade verdadeira. Graças a coragem de uma garota de dezesseis anos, outr...