terça-feira, 30 de junho de 2015

Capítulo 3. Memórias



   Assim que entro no quarto,  pego meu celular entes que seja confiscado e envio um e-mail para Margo. 

------------------------------------------------------------------------------------------------------------
De: Aurora Richards
Assunto : Rebeldias Instantâneas
Para : Margo Benson 

Não me espere para os filmes, minha tia acabou de me dar uma sentença leviana de castigo, aparentemente perdi aquilo que os humanos chamam de memória,  podemos marcar para outro dia ? 


 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------

De: Margo Benson
Assunto : Gatos a Espreita
Para : Aurora Richards 

Serei sincera rainha do egocentrismo, você não poderia ter perdido isso outro dia ? Tom Cruise estava a nossa espera utilizando os lindos óculos de aviador. Estou chateada com você agora ¬¬.



------------------------------------------------------------------------------------------------------------


De: Aurora Richards
Assunto : Gatos a Espreita
Para : Margo Benson

 Tom Cruise? óculos Aviador? Você me convidou pra assistir Top Gun ? É SÉRIO ?? 
 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

De: Margo Benson
Assunto : Clássicos. 
Para : Aurora Richards


Você tem cara de quem gosta de clássicos e.e seja lá como for entendo seu posicionamento, deixamos pra outro dia então *-*


------------------------------------------------------------------------------------------------------------


De: Aurora Richards
Assunto : Rebeldias Instantâneas
Para : Margo Benson


 Feito! E me desculpe por isso.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

De: Margo Benson
Assunto : Rebeldias Instantâneas
Para : Aurora Richards 

Tudo bem, até amanhã na escola. 

 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------

De: Aurora Richards
Assunto : Rebeldias Instantâneas
Para : Margo Benson

Até! :D
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

   Acho que estava enganada a respeito de Margo, não faz muito tempo que falo com ela é verdade, hoje de manhã não deve contar muito, mas acho que ela é sincera, desligo meu celular e tiro um cochilo. As 20:00 desperto com uma batida na porta acendo a luz e a abro, Joana aparece do outro lado com uma bandeja que deveria ser meu... jantar. Dormi o dia todo.

- Deveria usar um robe senhorita, está frio para ficar apenas de shorts e camiseta. 

 - Não estou com frio Joana, estou mais incomodada com o fato de não ter terminado o livro de Thompson do que com minha temperatura corporal. - Joana coloca a bandeja em cima do criado mudo e senta ao meu lado. 

- Sei que é errado perguntar sobre isso senhorita, não deveria me meter mas, por que ajudar alguém que prejudicou sua prima ? - É incrível o fato de algumas pessoas não mudarem nunca, a loção de parada no tempo da Avril Lavigne fez efeito com Joana, desde que mudei pra esta casa ela continua a mesma, cabelos negros presos em um coque alto, olhar castanho e generoso, mãos calejadas de trabalho e uma voz doce. 

- Não acredito que Margo tenha prejudicado Lauren, ela gostava do Brian assim como Lauren gostava, ou até mais, ela estava péssima Joana e só dei uma carona. - Sentei-me na cama, estou cansada de tudo isso, quanta confusão desnecessária por uma boa ação. 

- Não vai querer passar o restante do mês aqui dentro, então sugiro que a senhorita corte os laços com essa moça. - Joana parece sincera, talvez ela esteja enxergando algo que  me cega. 

 - Você não pode chegar aqui e dizer isso - disparo -  Finalmente acho que encontrei alguém da minha idade  com quem possa confiar e você me diz para parar! Poderia me incentivar sabia ? 

- Sei que é duro querida, mas só estou tentando defendê-la, sabe como essas pessoas são más e você está dando motivos para que voltem a maltratá-la. Ano que vem estará na faculdade, será independente, então sugiro que vá com calma durante sua estadia nesta casa, terá tempo para fazer amigos - Joana me proibindo de falar com as pessoas, que irônico já que ela sempre me encorajava a ir falar com os outros.

- Quero fica sozinha - digo por fim. 

- Se precisar de mim é só pegar o interfone e virei correndo, senhorita - Joana se abaixa e levanta minha cabeça segurando meu queixo - Não quero que se sinta triste.  

- Quero ficar sozinha Joana - Digo me afastando, ela sai e tranca a porta como sempre. Vou em direção a janela e olho para o jardim, os botões brancos dos allyssuns me fazem lembrar de quando tinha  sete anos e quis brincar com Lauren e suas amigas. Péssima ideia. 

    "Era primavera, o jardim estava colorido, allyssuns, rosas vermelhas, camélias rosas... E meninas correndo, Lauren usava um vestido azul celeste, corria pelo jardim com  outras duas meninas correndo atrás dela, ela estava descalça e ria muito, parecia tão feliz. 

- Titia, por que não posso brincar com a Lauren ? - Tio Robert disse para ficar longe das janelas, não queria manchas nos vidros, parece que algo importante vai acontecer hoje, sim vai, é aniversário da minha Tia Brianna. 

- Quando você crescer poderá brincar com  ela - Tia Brianna estava sentada numa poltrona branca, usava um  vestido branco que deixava suas pernas de fora, seus cabelos loiros que pareciam fios de ouro, estavam presos em um penteado bem arrumado, prendia a frente e os deixavam caindo como cascatas douradas atrás, lembro de achá-la linda. 

- Quando vai acontecer ? - Queria correr como a Lauren, e rir e brincar. 


- Espero que não aconteça logo - Ela estava com uma revista com moças de roupas curtas na capa, ela não falava comigo, só me mandava ficar dentro de casa e não fazer barulho, se eu obedecesse ela me deixava andar de carro com Noan. Mas eu queria brincar. Outras mulheres chegaram, eram altas e sorriam pra mim, eu sorria de volta. 

- Essa é a filha de Heloise? - Uma mulher com vestido rosa perguntou, usava um batom vermelho, parecia que havia chupado um morango com força e roubado sua cor, tinha cabelos castanhos e sorria muito, ela me dava medo. 

- Sim Katherine, essa é nossa  Aurora - Tia Brianna ficou ao meu lado e fazia carinho no meu cabelo, a Senhora Joana me arrumou e colocou uma faixa rosa no meu cabelo, ela combinava com meu vestido rosa. Tia Brianna me encarou e fez uma cara feia.

- É um prazer te conhecer - Segurei meu vestido nas pontas, cruzei as penas e baixei um pouco o corpo, como a tia Brianna havia ensinado, Lauren ria de mim por não saber fazer igual a ela, me chamava de burra, e me fazia chorar. 

- É um prazer conhecer você lindinha - A senhora Katherine brincou comigo e me deu alguns doces, mas acho que consegui incomodar o suficiente tia Brianna, que finalmente  me deixou ir brincar com Lauren. Corri até as allyssuns onde elas estavam, me sentia feliz, ia correr e brincar com Lauren! 

- Tia Brianna disse que podia correr com vocês -  Sorri e encarei Lauren que fechou o sorriso e apertou os olhos. 

- Lauren você vai deixar ? - Hannah perguntou olhando feio pra ela.

- Você disse que ela não ia ficar com a gente -  Disse Vanessa que cruzou os braços - Vem Hannah vamos brincar só nos duas a Lauren tem que cuidar da prima dela. 

- EU NÃO TENHO NADA! - gritou Lauren - Você não pode brincar com a gente! Volta pra dentro de casa e fica lá dentro!  

- NÃO! tia Brianna disse que era pra brincar com você e você tem que brincar comigo! - cruzei os braços.

 - Mas eu não vou brincar com você! Não viu que ninguém quer brincar com você ? - Lauren estava brava e estava gritando, as outras meninas tinham nos deixado a sós, acho que elas não gostavam de mim. 

- Mas eu queria brincar com você Lauren, não com todo mundo  -  Supliquei, um nó estava apertando cada vez mais em minha garganta, eu não me importava em brincar com as outras eu só queria brincar um pouco com Lauren. 

- Mas eu não quero brincar com você! - Lauren me empurrou em cima das allyssuns e foi atrás de Hannah e Vanessa, as flores deveriam ter amortecido minha queda, mas acabaram me arranhando e sujando meu vestido de lama. Tia Brianna ia me machucar se me visse assim, não queria que ela me machucasse, então corri para Noan. Ele morava na estufa, lembro que as flores formavam um caminho até sua casa  nos fundos da mansão. A maçaneta era alta, lembro de ter pulado e tentando segura-la mas só consegui arranhar minha mão em sua extremidade, então abri a palma da mão que não estava machucada e a levei de encontro com força até a porta, estava com medo de Tia Brianna me ver, continuei batendo forte até que ele abriu a  porta. 

- Senhorita Aurora o que está fazendo aqui ? - Olhar para ele fazia com que meus medos fossem embora, eu queria que Noan fosse meu tio, lembro que as lágrimas naquele momento começaram a escapar descontroladamente, abracei a perna de Noan e chorei. Chorei porque queria minha mãe, porque queria poder brincar do lado de fora, porque queria que tio Robert parasse de me trancar no quarto, porque queria que tia Brianna parasse de machucar com o cinto quando fazia algo que ela não gostava, chorei porque estava com medo e estava sozinha. 

 - Nã... Nã...  Não deixa ela me ver - Soluçava, por favor, deixe que eu me esconda na sua casa e nunca mais seja encontrada queria pedir, mas as palavras nunca saíram. 

 - De quem está falando senhorita ? - Noan se ajoelhou e ficou da minha altura, seus cabelos ainda estavam por todos os lados de sua cabeça e seu olhar  bondoso me sustentava. 

- Tia Brianna vai brigar se ver o que fiz com o vestido de Lauren - Noan olhou para minha roupa, segurou meu braço e analisou meu vestido, ele chamou sua esposa, Eleonor, e me levaram para dentro. A senhora Eleonor era a personificação da paz e tranquilidade juntas, seus cabelos grisalhos eram da altura de seu peito, ela usava uma tiara de contas branca, sua pele parecia  seda transparente e seus olhos castanhos tinham o mesmo toque de bondade que os de Noan possuíam. Lembro que a senhora Eleonor tirou meu vestido e me colocou em uma de suas blusas grandes, ela o lavou e depois brincou de correr comigo e com Noan nos fundos da casa enquanto minha roupa secava. Eles me deram mais do que eu queria, me sentia diferente enquanto estava com eles, me senti querida, amada e bem-vinda. Eu nunca me senti assim com meus tios e minha prima. 
    
      A senhora Eleonor me vestiu e arrumou meu cabelo, ela me pediu para ficar longe de Lauren,  disse que sempre que eu quisesse brincar deveria ir até ela, eu prometi isso, e voltei no outro dia, e no outro, e no outro. Quando minha tia Sara foi me visitar, disse a ela o que havia acontecido e como gostava da senhora Eleonor, tia Sara a contratou como minha babá no mesmo dia. 

   Batidas na porta me acordam para o presente, olho meu relógio que marca 23:00, passei tempo de mais acordada, corro para a cama e me enfio entre os lençóis, com sorte será o Ultron de os Vingadores, mais batidas e ela finalmente é aberta, tio Robert entra, droga. 

-  Aurora, sei que não está dormindo gostaria de conversar com você - Ele pega a cadeira da escrivaninha e a posiciona de frente a minha cama, me sento e o encaro. 

- Se for em relação ao que aconteceu hoje eu... -

- Sim, Lauren já me disse o que aconteceu hoje - me interrompe - Mas não é sobre isso que quero falar com você - Ele cruza as pernas, está segurando alguns papéis, ainda está com terno e gravata, não faz muito tempo que chegou do escritório, meu tio Robert é arquiteto. -  Em alguns meses fará dezoito anos Aurora, conversei com  Dr. Thomas outro dia, ele me disse que tem planos de mudar-se para um apartamento, é verídico ?. 


domingo, 28 de junho de 2015

AVISOS!


   
       Olá, sou Ana Karoline e o Exsurgir servirá como plataforma de hospedagem para minhas éstórias, futuros livros. Espero que gostem de Aurora, a primeira estória. 

* Nomes ou quaisquer semelhanças com pessoas físicas e outras obras são mera coincidência, esta é uma obra original sem qualquer referencia. 


 Novos capítulos todos os sábados ;D 


(Se acham estranho o termo "estória" ao invés de "história" sugiro que procurem o siginificado no grande G.) :*



* Hey Luzes como vão ? Minha vida anda meio corrida ultimamente mas não abandonei Aurora, talvez hoje a noite eu libere um capítulo caso contrário postarei três novos amanhã, desculpem a demora e obrigada pela compreensão.  :* 



Olá Luzes, tudo bem ? Só gostaria de confirmar que sim, tenho publicado um capítulo todas as quartas, e sempre publico aos sábados, mesmo que seja a meia noite (haha) Beijos meus amores :* 



    Meninas tudo bem ? Só entrei pra avisar que os capítulos de Aurora sairão as 16:00, não tenho postado ultimamente porque estou doente mas não abandonei a história, espero que me entendam, até mais tarde, obrigada por nunca me abandonarem  <3 :* 


     Meus leitores olá! Primeiramente gostaria de agradecer a todas a mensagens de carinho que vocês me enviaram pelo g+  e segundamente dizer que Aurora retornará ( na verdade ela nunca se foi) estive fora esses meses pois tive uma urgência literária (estive escrevendo minha primeira saga) mas não abandonei a Aurora, tem cinco capítulos esperando por vocês postarei um amanhã e sábado mais dois. Mil desculpas por não poder retornar mais cedo e muito obrigada pelo suporte luzes. Até amanhã as 18:00. :* 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Capítulo 2. Desculpas ?

   

    Assim que toca o sinal, me apresso em direção ao refeitório, vejo Margo  sentada com duas meninas mais novas, devem ser do terceiro ano, refaço meus passos até o passado e a vejo segurando sua bandeja ao meu lado. 


 " Estava me sentindo péssima, tia Brianna estava ameaçando demitir Noan se eu não assinasse uma procuração dando-lhe direitos sobre meus bens até os vinte e um anos, ela sabia que me importava o suficiente com Noan, sabia que era meu ponto fraco e atacou, me vi sem saída, e precisava falar com minha Tia Sara.  

 -  Soube que o iorgute da cantina é um lixo -  Margo estava sorrindo pra mim, estava criticando o pote de iogurte que eu acabara de pegar.  

- Bem, eu gosto desse iogurte, se me dá licença - Recolhi minha bandeja e fui pra mesa próxima a de Lauren, Margo estava namorando com Brian Vernova.  Ela era linda, cabelos ruivos cacheados, olhos verdes, sem sardas, de estatura baixa, inteligente, e fluente em alemão. Lauren estava empolgada por ter falado com Brian naquela semana, ela havia descoberto que ele gostava de meninas com cabelos cacheados naturais e olhos claros, desde aquele dia minha prima começou a abusar do babyliss e parou de usar o lápis de olho para que seus olhos ficassem em evidência, "completamente natural para Brian" dizia, era engraçado e animador ver Lauren daquele jeito, apaixonada, me fez ter certeza de que uma coisa no mundo era verdadeira, o amor. 
  
     A alegria de Lauren não demorou muito, duas semanas antes das férias Brian pediu a mão de Margo em namoro no refeitório, bem, todos gritavam e agitavam, menos uma certa loira que olhava pra Margo como se ela houvesse roubado o sol que Lauren pretendia se bronzear. Passei as férias vendo-a chorar por Brian e amaldiçoar Margo, fiquei com pena de Lauren e fiz todos os trabalhos que ela deveria ter feito durante as férias, mas todos os dias, ela repetia que Margo Benson iria se arrepender de ter entrando em seu caminho. 

  Continuava preocupada com a intimação que minha tia havia me dado, não poderia deixar que ela demitisse Noan, mas também não quero que ela tenha controle sobre mim por muito mais tempo. 

 - Está fazendo uma nova dieta ? Vi que só pegou o iogurte e ainda não tomou, olha você não precisa se preocupar com o corpo é apenas questão de...  

 -  Não eu não estou fazendo dieta - a interrompo -  Eu não quero saber a sua opinião sobre os iogurtes da cantina e muito menos como a vida no seu mundo cor de rosa é perfeita, por que você não volta pro seu namorado e me deixa em paz ?

-  Bem, apenas achei que você talvez gostasse de companhia, então vim te dar um "oi".

- Olhe ao seu redor, se eu não quisesse ficar só estaria com a minha prima e seu grupinho, não perdendo tempo com você - Deixei meu iogurte para trás e fui em direção a saída do refeitório, quando virei  para fechar a porta, percebi que todos  da escola haviam escutado o que tinha dito a Margo, e a vi secando as lágrimas antes de sair correndo pro banheiro. Quando estávamos indo pra casa, vi que Lauren não conseguia segurar os risos de satisfação, ela também ouviu, voltei pra casa me sentindo pior do que já estava."

   Me aproximei de onde Margo estava, vou elogiar seus sapatos, Lauren sempre gosta quando fazem isso, talvez Margo também goste. 

  - Eu gostei dos seus sapatos. - Me arrependi de ter soltado aquilo, ela usava um par de sapatilhas verde-escuro nodosas, parecia que foram banhadas no lodo. Ela me encarou e sorriu.

 -  O que fez a rainha do egocentrismo se rebaixar a ponto de vir falar comigo ? -  Estava abatida, não tão radiante como costumava ser, ela me lembrava a Noan quando perdeu sua esposa Eleonor. 

- Eu só achei que você talvez quisesse experimentar o iogurte de ameixa que estão vendendo - Minto. 

- Quanto te devo Richards ?   

- Pra ser sincera ainda não comprei.

- Então o que você quer ? -  Sua voz estava triste ela estava se segurando pra não chorar. 

 - Pra ser sincera vim te pedir desculpas pelo que disse aquele dia, estava em um dia ruim e  você tentou ser legal comigo e eu fui grosseira e má, então... -

- Ta tudo bem Richards - Sorriu novamente, estava mascarando o que sentia com sorrisos. 

- Bem vejo que quer ficar só, então te vejo na aula de Matemática - Disse me afastando.

- Aurora !! - Gritou Margo antes que eu conseguisse alcançar a porta do refeitório, virei e a vi correndo em minha direção. 

- Você esqueceu de mencionar que foi uma completa idiota comigo - Me encara sorrindo.

- Pra ser sincera estou começando a me arrepender de ter ido me desculpa com você. 

- Só estou brincando, eu.. Achei que poderíamos ir juntas pra aula.

- Por que não vai com seu namorado ? 

- Brian e eu não somos mais um casal, eu o vi com a sua prima quando cheguei e... Bem, ele disse que ela o beijou mas ele correspondeu, então.. 

- Entendo, então tudo bem -  Seguimos pra sala do Sr. Edmund, e Margo sentou ao meu lado, mas não consegui parar de pensar em Lauren, e nos seus objetivos, ela e esperta o bastante pra saber que Brian sempre gostou de Margo, e se edifica o suficiente para não mendigar o amor de nem um menino, então...   Por que disso agora ? 

   Assim que o sinal tocou, ofereci uma carona a Margo, Noan pareceu satisfeito por minha atitude, eu nunca dei carona a ninguém e também não tenho amigas, acho que ele acha que Margo é minha amiga, bem, deixamos Margo em casa e ela me convidou para ir ver um filme as 15:00 então aceitei, como Lauren ia passar o dia com as amigas dela então não iria perceber e não me senti culpada por ter feito isso. 
  
-  Margo Banson ? SÉRIO? - Lauren entra na sala de jantar gritando e me fita furiosa, Tia Brianna e eu estávamos almoçando no mesmo silêncio de sempre. 

- O que houve querida ? Achei que você fosse almoçar com  Hannah hoje - Pergunta minha tia encarando Lauren.

 - E eu ia mamãe, mas essa traidora acabou com tudo! 

- Aurora..? -

- Eu não fiz nada, juro, só dei carona a alguém quando as aulas acabaram, Lauren não ia voltar comigo então eu achei que tudo bem. - Minha prima me encarava com um genuíno ódio em seus olhos, acho que ela me mataria agora se pudesse. 

- Você é uma falsa! Ela deu carona justamente a garota que roubou o amor da minha vida mamãe! Ela sabia que iria conseguir me ferir com isso, e o fez, porque ela é má! Tem inveja de mim, e quer machucar sempre que pode! -

- É o QUÊ ?  Você anda tomando shampoo ? Margo estava em um dia ruim por que viu VOCÊ beijando o namorado dela, ela estava a pé então não vi problema em dá-la uma carona, estava ajudando alguém que se sentia triste, você não pode chegar aqui e me acusar de coisas que não fiz. 

- Eu não estou acusando, estou afirmando! Você é um ser humano ruim Aurora - Lauren estava chorando, estava vermelha e soluçava, nunca foi minha intenção magoá-la só achei que talvez devesse dar uma carona a Margo. 

 - Por que você achou de ir ajudar justamente essa menina Aurora ? - Perguntou tia Brianna, ela estava brava comigo era óbvio, iria me colocar de castigo e deixaria Lauren fazer o que quisesse, como de costume. 

- Porque a algumas semanas fui completamente rude com ela tia, ela estava triste então achei que não era nada  de mais em oferecer uma carona - Tentei me controlar, não queria ficar de castigo justamente hoje que iria sair, não queria que Lauren estragasse isso.

- Nada de mais ? - Tia Briana levantou-se expressando calma como um gato malvado prestes a atacar -  Esqueceu de como sua prima ficou durante as férias?  Acha que foi divertido ? Achou graça ? - Encarei meu prato, senti o nó se formando em minha garganta, não vou dar a Lauren o gosto de me ver chorando, ela pode ter tudo que quiser menos isso. 

- Estou fazendo uma pergunta Aurora, olhe para mim e responda - Diz autoritária 

- Não tia  - Olho para cima, encaro tia Brianna, respiro fundo, ela está brava, porque feri o motivo de ela ter abandonado seu trabalho.

 - Suba, não quero ver a sua cara hoje, mandarei que entreguem seu jantar no quarto. Sairá de lá quando recuperar sua memória - Levanto-me e vou em direção as escadas, olho uma ultima vez para Lauren, e a vejo abraçando minha tia, ela me joga um breve sorriso antes de voltar com a choradeira, Noan deve ter falado pra ela quando foi buscá-la  na casa de Hannah, senti minha barriga congelar e o nó na garganta apertar a cada passo que dava em direção ao meu quarto, foi de propósito.

 





Capítulo 1. Uma Face Conhecida.


       Há alguns anos o país de Lori conheceu a história de uma amizade verdadeira. Graças a coragem de uma garota de dezesseis anos, outras mil foram salvas de uma quadrilha que contrabandeava e vendia adolescentes, as meninas, algumas eram vendidas para casais que não podiam ter filhos, outras para as mais diversas perversidades existentes na mente humana. Já os meninos eram distribuídos para campos de trabalho como escravos.
     
     Os alvos eram sempre aqueles que  não tinham pais, responsáveis legais ou abrigos eram invadidos e os jovens eram levados. Como essas duas garotas se meteram com gente desse tipo? Eu te falo, Sara tinha 16 anos, era amiga de Heloise, de mesma idade. Os pais de Sara foram mortos  em um assalto quando seu pai foi buscar sua mãe no trabalho, ao que parece, sua mãe não quis entregar a aliança e eles nunca mais retornaram.  Essa quadrilha soube do que acontecera com Sara Breslau e a levaram se passando por representes de abrigos para menores, mas Heloise foi atrás, juntas conseguiram escapar antes que Sara fosse vendida, com a ajuda de Sara a polícia conseguiu chegar no cativeiro e resgatar todas as garotas que não conseguiram fugir e trazer de volta as que já haviam sido vendidas. Se não fosse por Heloise, Sara nunca teria escapado, a polícia nunca teria encontrado o cativeiro, meninas ainda estariam sendo vendidas e abrigos invadidos.     

        A coragem de Heloise a tornou quase imbatível e quando completou 25 anos ela e Sara fundaram um Grupo de Operações Especiais no Combate ao Tráfico Infantil e Infantojuvenil, (o GOECTI), um tipo de polícia que prende traficantes de pessoas, mas segundo dizem o tráfico humano está extinto, casos assim são cada vez mais raros.


      Aos trinta e dois anos, Heloise casou-se com um dos melhores agentes do GOECTI, Benjamim Richards, com quem teve uma filha a quem chamou de Aurora.

    É, todos conhecem a minha história, e é assim que sou conhecida, não Aurora, aquela que tira nota máxima em matemática e zero em português, não a garota apaixonada por gatos e por  xícaras de café, mas Aurora a filha de Heloise, aquela que salvou várias meninas de serem traficadas. 

    Ninguém nunca realmente prestou atenção em Aurora, apenas na filha de Heloise, que por coincidência são a mesma pessoa. As vezes, gostaria de não ser a filha de Heloise Richards, por algumas horas da minha vida gostaria de ser eu mesma, porque ninguém quer ficar perto de Aurora Richards, eles querem estar sempre ao lado da Filha de Heloise Richards e tirar muitas fotos, para que todos os sites de fofoca nos cliquem, e por associação, ficarem famosas.   
         
       Ser famosa é algo fútil e com tantas injustiças as pessoas so estão preocupadas em serem conhecidas e coisas assim sempre me irritam é por isso que estou sempre só. Já tive intenção de encontrar uma amiga verdadeira no colégio, mas percebi que só acontece nos livros, e para ser sincera me acostumei com  minha solidão, é claro que gostaria de ser convidada para o baile de inverno, ou participar de festas do pijama, mas vejo que é uma realidade que nunca irá me pertencer, por isso destino minha atenção, amizade e amor aos livros, porque não importa quem você seja eles sempre estarão ali pra você, e as estórias contidas neles são mais verdadeiras que muitas pessoas neste mundo falso.


      Hoje, fazem doze anos desde que meus pais morreram, eu não lembro de nada, tinha cinco anos e estávamos  no carro, estava dormindo na hora do acidente. Atualmente, moro com minha tia Brianna, meu tio Robert e minha prima Lauren que me odeia, mas aprendi a ignorá-la, como faço com o mundo e seus habitantes.

   -  Aurora a vida é mais que comer ler e dormir - Diz minha tia com o ar de desdém de sempre.

  -  A vida é aquilo que fazemos dela - Respondo no mesmo tom.

- Até agora, você não fez muita coisa da sua né? Sua mãe tinha dezesseis anos quando ficou mundialmente conhecida  - Retruca Lauren. 

-  E eu tenho dezessete e não sou minha mãe, se me derem licença irei esperar no carro -  Levanto-me, sorrio, tento expressar calma, e vou em direção ao meu quarto. Lauren sabe como acabar com meu dia, e sempre que pode ela tenta, subo as escadas com pressa, quanto mais rápido sair dessa casa mais rápido meu humor melhorará, afinal só faltam quatro meses para o meu aniversário, os tão aguardados dezoito anos. O Sr. Thomas, o advogado, disse que poderei morar sozinha em meu próprio apartamento, e que irei administrar todo o dinheiro dos meus pais, finalmente serei independente.

      Escovo os dentes, pego minha mochila e checo  novamente o uniforme, não seria tão ruim se estivesse indo jogar tênis, mas não acho que a mini saia cinza de pregas e a camiseta branca com o brasão da escola do lado esquerdo seja  uma combinação muito adequada para o dia em Lori, não porque as tardes mais parecem noite de tão frias que são, mas a roupa em si é um pouco ultrapassada. Faço um rabo de cavalo alto, pego minha mochila preta  e desço as escadas, ignoro minha tia que está na frente da casa e entro no carro sem olhar para trás.

- Bom dia Srta Aurora 

- Bom dia Noan, como vão as coisas? - Noan é nosso motorista, de todos que moram nessa casa, ele e Joana, a empregada, são os únicos que realmente levam em consideração o que digo, se não fosse por eles não teria motivos para sair do meu quarto, são os únicos que realmente se importam comigo e eu os amo, quando for embora irei levá-los junto e isso não é uma promessa apenas um objetivo.

-  Vão as mesmas de sempre senhorita - Diz amistoso como sempre. 

-  As vezes me pergunto porque não raspa a cabeça por completo - Um velhinho semi careca com cabelos grisalhos e olhos verdes bondosos, Noan me lembra um pouco o papai noel, mas esse tem calvice.

-  Para um velho como eu, os cabelos grisalhos caem bem - Diz lançando-me outro sorriso.

- Literalmente eles caem mesmo, e você não está tão acabadinho - Respondo no mesmo tom, ele sabe que estou blefando.

- Sessenta e dois anos não é lá muito novo Srta.

- Não, não é, são apenas a experiencia de uma pessoa vivida.

 - E feliz -  Fala arrancando-me um sorriso, antes que Lauren entre e bata a porta do carro com força.

- Bom dia senhorita Lauren - Diz Noan educado como todos os dias e como de rotina ela o ignora e coloca os fones de ouvido, olho para ela e me pergunto como uma pessoa com aparência tão bondosa possa ser tão arrogante, os lindos cabelos longos e loiros, os olhos azuis como os da mãe, o nariz em pé como o do pai. Meu pai e a mãe de Lauren eram irmãos, ambos tinham olhos azuis, uma herança de família que não possuo, tenho orgulho dos olhos castanhos e o cabelo negro que herdei de minha mãe. Meu cabelo é um pouco maior que o de Lauren mas não tão brilhoso e sedoso quanto o dela, o meu é ressecado e vive despenteando, e o  dela parece que vive perfeito desde o momento que ela acorda.  Ao contrario de mim Lauren é a garota mais popular da escola, e ela tem amigas, amigas metidas, irritantes, cheias de chiliques, mesmo assim verdadeiras, e eu a invejo por isso.

      Não demora muito e o  grande prédio onipotente da Lorentz Fraz High School aparece, por fora construção em estilo gótico do século XII se apaga diante do cotidiano monótono de seus alunos, a primeira impressão sempre se apaga como uma vela ao vento quando a vemos todos os dias. Seus alunos apagados sempre me fazem questionar, de que adianta se encher de dinheiro, bens, carros se no fundo você é vazio? 

 - Tenham um bom dia senhoritas.

- Não precisa voltar pra me buscar, vou pegar carona com a Hannah.  

- Sim senhorita Barniel. E você senhorita Richards, precisará dos meus serviços ou também irá voltar com alguma colega? 

 - Não Noan, estarei esperando você, como sempre -  Digo recolhendo minha mochila. 

- Até mais tarde senhorita Aurora, tenha um bom dia - Desço do carro dou um sorriso para Noan, e Lauren me acompanha, como sempre, sorrindo como se estivéssemos felizes, para que todos nos vejam.

- Da pra sorrir um pouco? Estou tentando elevar seu status aqui dentro, então você poderia me agradecer por andar ao lado de alguém como você.  

- Elevar ? Não seja hipócrita Lauren, sei que você quer provocar Margo Banson, quer que ela se sinta um lixo pelo episódio do refeitório, mas eu não vou ser mais uma peça nesse seu tabuleiro de xadrez do mal, se me der licença tenho um encontro com a Biologia.

- Você é ridícula, e a propósito, não fui eu que comecei isso tudo não é mesmo.  

 - Não, mas está fazendo de tudo para destruir alguém, e isso é pior - Deixo Lauren pra trás e me apresso em direção a sala de biologia, não chegou ninguém ainda então pego o livro de Thompson  e vou direto para o capítulo  vinte dois, onde parei noite passada. Não demora muito para que todos cheguem e sou obrigada a interromper minha leitura, a lembrança do refeitório me atinge como raio, preciso falar com Margo. 














Leia o Primeiro Capítulo.

Capítulo 1. Uma Face Conhecida.

        Há alguns anos o país de Lori conheceu a história de uma amizade verdadeira. Graças a coragem de uma garota de dezesseis anos, outr...